Sem-teto se reúnem com representantes do governo paulista
Depois de quase duas horas reunidos no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do governo paulista estabeleceram alguns acordos sobre diversas ocupações de imóveis pelo movimento e marcaram uma nova reunião para a próxima semana, na Secretaria de Habitação.
Estiveram reunidos o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, o presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Marcos Penido; e o diretor-presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Otávio Okano, além de representantes do MTST.
Enquanto se realizava a reunião, milhares de sem-teto protestavam do lado de fora do palácio, fechando a Avenida Morumbi. Eles reivindicavam investimentos em moradias populares e protestavam contra pendências envolvendo órgãos estaduais, como a CDHU, a Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) e a Cetesb em projetos de moradias do MTST.
Guilherme Boulos, um dos líderes do movimento, explicou que existem aprovações de empreendimentos habitacionais na Cetesb, que estão "absolutamente paradas". Segundo ele, também há compromissos de liberação de recursos e disponibilização de terrenos da Secretaria de Habitação que não andam. Boulos citou ainda a Dersa, que está com ordem de despejo contra uma das ocupações do movimento, na qual vivem mais de 4 mil pessoas, em Mauá (SP).
Por volta das 18h, após o fim da reunião, Marcos Penido subiu em um carro de som e informou aos manifestantes que foram discutidos temas que envolvem a Cetesb, como questões técnicas sobre a avaliação de terrenos. Ele disse que o presidente da Cetesb se disponibilizou a ajudar na discussão e a viabilizar a implantação dos empreendimentos, mas "sempre respeitando a legislação ambiental”.
Além disso, foi discutida a ocupação em Mauá, acrescentou Penido. “Foi agendada uma reunião na segunda-feira (20) com o presidente da Dersa para que se discuta a utilização do empreendimento, cuja metade é área pública, para que possa ser destinado a um conjunto habitacional, em parceria oo Programa Minha Casa, Minha Vida e com o governo de São Paulo, e discutir um prazo para desocupação da área. "A área precisa ser desocupada, porque não se pode fazer empreendimentos habitacionais em áreas ocupadas”, explicou Penido. Ele disse que será obedecida uma fila para a destinação das casas.
Também entraram na pauta temas ligados à CDHU, principalmente os relativos à continuidade a uma parceria dos governos estadual e federal para o Minha Casa, Minha Vida. De acordo com Penido, esclareceu-se que a cidade de São Paulo já tem um acordo para a implantação de 30 mil unidades. Destas, 8 mil estão em obra. Discutiu-se ainda a situação de um terreno no bairro Cidade Tiradentes, que eles gostariam de incluir em um projeto de seleção na prefeitura. "Não conhecíamos, mas vamos verificar o terreno e a matrícula para ver se já existem destinações específicas para esse terreno. Se não, vamos discutir com a prefeitura [para fazer algum empreendimento habitacional]”, acrescentou.
No carro de som, Boulos classificou a reunião de "vitoriosa". Depois das explicações de Marcos Penido, os manifestantes caminharam até o Estádio do Morumbi e lá começaram a se dispersar, por volta das 19h. O ato foi pacífico.

