Peregrinação anual reúne milhões de fiéis em Meca


Mais de um milhão de muçulmanos estão reunidos nesta segunda-feira (2) em Meca, na Arábia Saudita, para a peregrinação anual. As autoridades prometem um hajj (nome dado à peregrinação islâmica anual a Meca) mais seguro, com medidas de combate ao calor e de controle de peregrinos.
A previsão é de que as temperaturas ultraem os 40 graus Celsius (ºC) nesta semana. Uma das maiores manifestações religiosas do mundo começa oficialmente na quarta-feira (4).
O hajj dura cinco a seis dias, com atividades principalmente ao ar livre. É um dos cinco pilares do Islã, além da profissão de fé, da oração, da esmola e do jejum.
É obrigatória uma vez na vida para todos os muçulmanos que tenham meios econômicos e estejam fisicamente aptos a fazê-la. Alguns muçulmanos fazem a viagem mais de uma vez.
Até domingo (8), mais de 1,4 milhão de peregrinos tinham chegado à Arábia Saudita, segundo as autoridades, que já trataram 44 casos de insolação.
Em 2024, os termómetros atingiram 51,8 ºC, deixando 1.301 fiéis mortos, segundo dados oficiais.
A rica monarquia do Golfo mobilizou este ano mais de 40 agências governamentais e 250 mil funcionários públicos para tentar atenuar os riscos associados ao calor.
As agens cobertas foram alargadas em 50 mil metros quadrados e foram destacados milhares de socorristas, segundo a agência de notícias -Presse (AFP).
As autoridades também disponibilizaram mais de 400 pontos de água potável e milhares de vaporizadores.
Serão ainda usadas tecnologias de inteligência artificial para monitorar os movimentos e gerir melhor os fluxos, com o apoio de dados recolhidos por uma frota de drones espalhados por Meca.
Apesar do calor sufocante, os peregrinos expressaram satisfação por chegar a Meca.
"É realmente uma bênção", disse Abdoul Majid Ati, um advogado filipino e conselheiro da sharia (lei islâmica), perto da Grande Mesquita que recebe a Kaaba, a estrutura negra para a qual os muçulmanos se dirigem para rezar.
"Sentimo-nos muito tranquilos e seguros aqui", declarou à AFP.
Abdul Hamid, da Nigéria, disse estar "muito feliz" por fazer a segunda peregrinação consecutiva, com apenas 27 anos de idade, mas itiu que as temperaturas em Meca são "muito, muito altas".
As mortes do ano ado mostram a vulnerabilidade dos fiéis aos extremos climáticos, com 2024 sendo o ano mais quente já registrado, de acordo com o observatório climático europeu Copernicus.
Segundo as autoridades, 83% dos 1.301 peregrinos que morreram em 2024 não tinham autorização oficial, que é paga e concedida de acordo com cotas, e que dá o a infraestruturas mais adequadas, como tendas com ar condicionado.
As autoridades sauditas "foram apanhadas de surpresa, porque a intensidade do calor foi tão elevada que as medidas de adaptação falharam", disse Fahad Saeed, do instituto alemão Climate Analytics.
Este ano, as autoridades lançaram vasta campanha contra os peregrinos não autorizados, intensificando as operações policiais, a vigilância e as mensagens de aviso para impedi-los de chegar a Meca.
Nesse domingo, as autoridades anunciaram que tinham recusado cerca de 270 mil pessoas nas entradas de Meca por falta de autorização.
As autorizações são atribuídas aos países de acordo com um sistema de cotas e distribuídas por sorteio.
O elevado custo, no entanto, está levando muitos fiéis a optar por rotas alternativas, muito mais baratas mas ilegais.
O fenômeno agravou-se desde que a Arábia Saudita flexibilizou a política de vistos para atrair mais turistas e investidores.
Ao mesmo tempo, as multas por participação ilegal no hajj duplicaram para 20 mil rials (moeda da Arábia Saudita), com uma proibição de entrada no país durante dez anos.
A gestão das multidões também continua a ser um grande desafio. Em 2015, uma debandada matou cerca de 2.300 pessoas.
A Arábia Saudita acolhe os santuários mais sagrados do Islã, em Meca e Medina, e ganha milhões de dólares todos os anos com as peregrinações.
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