Setembro começou com recorde de queimadas em São Paulo. Depois de três dias de trabalho intenso para conter as chamas na Estação Ecológica do Jataí, no noroeste de São Paulo, o fogo foi controlado. Mas o gestor da estação, Gabriel Santana Pereira, sabe que não dá para baixar a guarda:
A estação ecológica de pouco mais de 9 mil hectares é a principal reserva de remanescentes de cerrado em São Paulo e abriga animais ameaçados de extinção como o lobo-guará e o tamanduá-bandeira. Com as queimadas, metade da reserva foi consumida pelas chamas.
Mas a estação ecológica de Jataí não está queimando sozinha. Em Catiguá, também no noroeste do estado, o fogo que atingiu uma fazenda de cana-de-açúcar levantou tanta fumaça e cinza que as aulas na cidade foram suspensas. Em São Carlos, os focos de incêndio atingiram a estrada que dá o a uma represa e leva até a sede da Embrapa na cidade.
Segundo dados do INPE, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, só nos sete primeiros dias de setembro foram registrados 608 focos de incêndio no estado. O número é mais de 37% maior que os incêndios registrados no mesmo período do ano ado, 443 focos de incêndio. Isso porque setembro de 2020 já tinha batido o recorde histórico de incêndios no período nas últimas duas décadas.
O longo período de estiagem é a principal explicação. Mas além da seca, o biológo Felipe Zanusso, que pesquisa a gestão das unidades de conservação do estado de São Paulo, elenca outros fatores que contribuem para os incêndios, como a prática de soltar balões, mas também alerta para a falta de equipes que atuam para evitar os incêndios florestais, como os guarda-parques.
Os guarda-parques são os profissionais responsáveis por fiscalizar e proteger as unidades de conservação e uma de suas tarefas é combater incêndios. Felipe calcula que em todo o estado não chegue a 100 o número de guarda-parques. O número é menor que o de unidades de conservação, 102 em todo o estado.
Em nota, a Fundação Florestal, responsável pela gestão das unidades de conservação no estado de São Paulo informa que as unidades estão estruturadas para a prevenção e combate aos incêndios e que não há falta de mão de obra. Segundo a nota, além do quadro funcional, todos os vigilantes são brigadistas e neste período de estiagem foram contratadas 15 brigadas de incêndio, formadas por bombeiros civis.





